Camarotti e o camarote político

Causou-me surpresa, ao acompanhar o resultado das eleições pela Globonews, ouvir o Camarotti, excelente comentarista de política, dizer que o governador Paulo Hartung deveria ter apoiado o candidato de seu partido, Lelo Coimbra, na eleição para prefeito de Vitória. Isso, depois de o próprio governador telefonar para a emissora de televisão e dizer que não havia apoiado nenhum deles, logo após ouvir o Camarotti dizer que ele apoiava o candidato Amaro Neto.

Minha surpresa se deu pelo fato de um conceituado comentarista assumir previamente que todo governador deveria apoiar o candidato de seu partido. Uma prática política velha e coronelista. Um governador, com a forte máquina pública na mão, caso interfira por simples questão partidária, tem o poder de desequilibrar o jogo político, atrofiando o processo democrático.

É claro que, além do governador, existe a figura pessoal de Hartung, com suas próprias escolhas, que um círculo mais restrito de amigos pode conhecer por manifestações particulares. Mas fazer campanha ostensiva, com o peso de um governador de estado, não seria uma atitude democrática e ética.   
Camarotti parece que errou de camarote. Mas é perfeitamente aceitável sua opinião, pois sempre há de prevalecer a liberdade de imprensa e o livre arbítrio. Ainda mais vinda de uma pessoa qualificada, admirada e competente como ele.