Monday, November 14, 2016

O Álamo



Resultado de imagemA força de Donald, como gostava de chamá-lo Hillary, foi a nostalgia.  Aliás, essa força sentimental tem provocado mudanças em todo o mundo. Em algum lugar de um passado glorioso está adormecida a saudade. E, em várias situações, ela emerge em pessoas, individualmente, ou em grupos de pessoas. Dos apreciadores de tudo que é vintage aos grupos que se identificam com memorablias e as colecionam, o que se percebe é uma indescritível vontade de revisitar o passado. Principalmente, quando ele foi glorioso ou significou alguma expressão de orgulho. Basta ver o que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos. Trump fez uma viagem ao passado. Mas, como dizem os ingleses, comprou um bilhete round trip. Tem no bolso a passagem de volta. Fez uma campanha tão competitiva que, mesmo sendo um bilionário suntuoso, conquistou os votos dos trabalhadores caipiras do meio-oeste norte americano.  Não lhes prometeu o futuro, mas o passado. Tempos em que o Made in America os enchia de orgulho. Tempos de heróis nacionais que os protegiam e os veneravam. Talvez o tenham visto como John Wayne à frente de uma cavalaria do exército, lutando para salvá-los dos índios Comanches ou Apaches. Remember the Alamo, disseram eles nas urnas. No mundo de Trump, não há índios, mas chineses.  Não há soldados sitiados em um forte, mas trabalhadores desempregados.

O combustível de sua viagem foi a frustração desses trabalhadores com a globalização. Rednecks ou hillbilies, muitos sofrem com a escolaridade não acadêmica e a baixa conectividade com o mundo. É muito difícil convencer Joe, agricultor rural do cinturão agrícola dos EUA, a se globalizar. Conheço muitos deles e quando falo sobre isso eles dizem não ter a menor necessidade de serem globais. O mundo deles é aquela hometown onde foram à escola, tomaram cerveja na juventude e casaram-se com a amiga de um amigo. Trump, em apenas um ano de campanha, entendeu a America atual como ninguém e foi um mestre no jogo político do sistema eleitoral norte-americano.  Seus discursos nunca foram endereçados ao povo, apenas, mas aos delegados dessas regiões. Conservadores, nacionalistas e nostálgicos. Rudy Giuliani foi mentor de um dos melhores prefeitos de New York, Michael Bloomberg, que exerceu tres mandados e revolucionou a cidade para melhor. Vamos torcer para que ele consiga o mesmo com Trump.

E que, com o vigor de uma democracia forjada na amálgama da luta pela independência, da conquista do oeste, das guerras mundiais, do terrorismo mutilante e do antagonismo entre o orgulho e o preconceito, ressurja uma nação próspera e justa.

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